O meu percurso académico e experiência laboral (pedido)

Olá meninas,

não há muito tempo perguntei por aqui se queriam que falasse sobre a minha experiência no curso técnico de Auxiliar de Veterinária que tirei recentemente e a vossa resposta foi positiva.  Mas antes de abordar esse tema em concreto, achei por bem dar-vos um enquadramento dos meus estudos prévios.


Desde pequena que eu gosto de animais e sempre tenho convivido com muitos. Não apenas o típico cão ou gato porque felizmente os meus pais conseguiram dar-nos oportunidade de ter quase tudo o que se pode ter como animal de estimação. Tivemos cães, periquitos, um gaio, um pombo, um coelho, muitas galinhas, patos, hamsters, um porquinho da índia, muitos peixinhos, tartarugas de aquário, cágados... o zoo quase completo. 


Escolher Medicina Veterinária parecia algo muito provável, mas ainda no 7ºano percebi que não conseguiria lidar com tudo o que isso acarreta pois era muito sensível a agulhas, sangue e ficava com as pernas todas bambas... Nessa altura comecei a ponderar outros interesses e disse aos meus pais que queria algo que envolvesse línguas. Tinha especial interesse em línguas com um alfabeto distinto do nosso e já na altura dizia que queria aprender egípcio, árabe ou grego.


Frequentei o agrupamento de Humanidades no secundário e, até ao momento de escolher o curso, não sabia bem o que poderia estudar concretamente. Como a minha aula favorita era a de TTI (Técnicas de Tradução de Inglês) e como me via a fazer algo assim, optei por tradução. Chegado o momento de escolher, coloquei em primeira opção o curso de Tradução na Faculdade de Letras, da Universidade de Lisboa e foi nesse que entrei, em 2005.


Só durante o curso é que consegui definir em que área da tradução gostaria de vir a trabalhar. Candidatei-me a um estágio curricular ainda durante o curso e estagiei durante o último ano de faculdade numa empresa de tradução de audiovisuais, a área que eu mais gostava.


Ainda durante a licenciatura, inscrevi-me num curso de Grego Moderno no ILNOVA, que faz parte da Faculdade Nova de Lisboa. Infelizmente só consegui conciliar um ano com a faculdade e fiquei apenas com o primeiro nível, mas certamente que espero um dia poder aprofundar os conhecimentos na língua :)

Entretanto terminei o curso em Julho de 2008 e em Agosto do mesmo ano comecei, felizmente, a trabalhar em tradução na área dos audiovisuais.

No mesmo ano iniciei um Mestrado no ISLA, de Tradução Jurídica e Empresarial. Continuei enquanto tradutora freelancer durante esse período e ainda exerço até aos dias de hoje. 

Apenas o ano passado consegui terminar a tese de mestrado porque estive sempre a trabalhar ao mesmo tempo e para além das traduções, também comecei a dar workshops de artes decorativas (outra área que também sempre me motivou e que por isso fui aprendendo de forma autodidacta).

Mal entreguei a tese, achei que ainda me faltava qualquer coisa. Precisava de um trabalho em que pudesse contar com o dinheiro no final do mês, precisava de alguma estabilidade financeira (coisa que não acontece para quem trabalhar em regime freelancer e recibos verdes).

Comecei logo a procurar novas opções de carreira e deparei-me com os cursos técnicos de Auxiliar de Veterinária e achei perfeito. Apesar de estar formada e a trabalhar na área que gosto, sempre senti que faltava algo que me fizesse sentir completamente realizada e foram essas as razões que me levaram a tirar este curso.


Escolher uma escola para um curso técnico.
A escolha da escola foi feita mediante aquilo que ia encontrando na internet em termos de feedbacks em diversos fóruns, etc. Apesar de ter lido várias críticas negativas acerca da Master D, como ficava mesmo colada à minha casa, fui informar-me melhor. Para além de me terem tratado de forma super antipática, não têm aulas presenciais e muito menos práticas, o que na minha opinião é indispensável num curso do género. Procurei então outra escola perto de mim que oferecesse as seguintes condições: aulas presenciais e práticas, estágio curricular garantido e pagamento do curso em prestações sem custos acrescidos. Descobri a SA Consultores, que fica na rua Andrade Corvo em Lisboa (mas têm outras escolas noutras cidades) e optei por essa por reunir essas condições. De qualquer forma, o mais importante é que se certifiquem sempre de que escolhem uma escola credenciada pela DGERT, caso contrário o curso e diploma não têm valor.


Escolher o local de estágio.
Primeiro que tudo, pensem que esta será a oportunidade de finalmente ganharem prática, aquilo que nos andam sempre a esfregar na cara que não temos quando se procura um primeiro emprego. 


Muitas escolas possuem uma lista de entidades com quem já estabeleceram um protocolo de estágio, mas podem sempre perguntar se é possível estagiar num sítio à vossa escolha que não venha nessa lista. No meu caso, como não conhecia nenhuma clínica nem hospital veterinário cá em Lisboa, uma vez que sou do Alentejo, optei por ver que hospitais tinha mais perto de casa, por uma questão de praticidade e redução de custos de transportes (que no meu caso por sorte foi zero pois conseguia ir a pé para o local de estágio). 

A escolha de um hospital em deterimento de uma clínica teve a ver com a maior aprendizagem que poderia ter num hospital em que há internamentos, cirurgias, administração de medicação, etc. Estando num hospital, poderia aprender muito mais do que alguma vez aprenderia numa clínica e ficaria melhor preparada. É mais fácil ir trabalhar para uma clínica tendo experiência hospitalar do que vice-versa e assim ficaria preparada para trabalhar tanto em clínica como hospital. Aconselho, por isso, que tentem sempre estagiar num sítio em que saibam que vão puxar o máximo de vocês e onde há perspectiva de maior aprendizagem.

O que fazer durante o estágio.
No meu caso, apesar de ir trabalhar para um sítio em que tudo é prático, andava sempre com um caderninho e uma caneta no bolso para apontar certas coisas que me iam dizendo ou tarefas delegadas. 

Tentei sempre aproveitar os dias de estágio para aprender o máximo que podia e ia fazendo perguntas apenas à medida que certas coisas surgiam. A informação assimila-se melhor na prática e aos poucos, do que despejada assim do nada.

No meu estágio tinha que preencher um caderno diariamente com tudo o que fazia e apontar as horas diárias. Caso tenham que fazer o mesmo, nunca deixem para escrever tudo no final do estágio.Caso contrário, quando chegar ao fim vão odiar essa tarefa e arrepender-se de não o ter feito diariamente pois teria custado bem menos :P

O meu estágio era de 150h no mínimo, mas por opção própria, decidi fazer mais algumas após entregar o caderno de estágio (terminadas as 150h) porque sentia que ainda poderia aprender muito mais indo mais alguns dias. Caso queiram fazer o mesmo, basta pedir permissão ao vosso orientador de estágio, certamente não se importará.

Quando terminei o estágio, contei-vos aqui. Como nesse hospital precisavam de alguém para substituição de férias nessa altura, convidaram-me a ficar lá durante uns tempos e fiquei até ao início deste mês lá a trabalhar. Muito resumidamente, digo-vos que foi a experiência mais enriquecedora que já tive em termos laborais e desempenhei um trabalho que nunca vim a pensar ser possível para mim, uma vez que sou da área das letras. E, ironia do destino, adorava assistir às cirurgias :)


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Escolham aquilo que escolherem, não deixem de seguir aquilo que gostam e seguir os vossos sonhos, mesmo que isso implique voltar atrás no percurso ou mesmo que isso implique tirar vários cursos que nada têm a ver uns com os outros, como eu fiz. 
O saber nunca ocupa lugar :)



Comentários

  1. Assim é que é. Corre-se atrás do que se gosta. Mais vale arrepender-se do que se fez do que daquilo que não se fez (digo eu). :)
    Força, não desistas nunca dos teus sonhos. Eu disse "sonhos", não disse " de arranjar outro animal" :)
    Beijocas linda

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